Como formular as perguntas da minha pesquisa?
Conciso, unicidade, simplicidade, especificidade, neutralidade e variedade nos 6 pilares a respeitar para redigir as questões de forma eficaz e que gerem engajamento. Essas regras de ouro vão permitir aumentar a taxa de resposta das suas pesquisas.
Como todas as regras neste artigo, tenha em conta como ele será aplicado: assistido ou não? Ele é lido ou autorrespondido?
De modo geral, um questionário lido por um pesquisador requer um esforço adicional de clareza e concisão, de modo que as questões e as instruções sejam suficientes e que o pesquisador não seja muito demandado por explicações, que podem influenciar a resposta.
Aqui as 6 regras que devemos respeitar quando estamos redigindo as questões da pesquisa.
O primeiro pilar a respeitar na redação das questões é ser conciso e guardar um espírito de síntese. Efetivamente, essas qualidades são essenciais pois uma formulação muito longa ou muito complexa pode induzir e ter efeitos negativos no respondente, como a não-resposta a certas questões, uma má compreensão da questão, até mesmo o abandono do questionário.
Assim, quando há muitas palavras em uma questão maior a chance de haver confusão por parte do respondente.
Para seu questionário nós recomendamos que ele tenha no máximo 30 questões! Naturalmente, este tamanho varia em função dos contextos da pesquisa:
Assim, o tamanho de sua pesquisa depende do tipo de estudo, mas guarde o espírito de se manter conciso.
Quando elaboramos um título, em 1951 Stanley Payne recomendava um comprimento máximo de 20 palavras. Este tamanho pode ser superior para questões relativas aos comportamentos, que necessitam um pouco mais de precisão. Nos países franco fônicos o tamanho médio dos títulos é por volta de uma dezena de palavras, poucas questões passam o limite proposto por Payne.
O segundo pilar que devemos respeitar na redação de um questionário é simplicidade. Para isso é fundamental saber buscar o ponto de vista do respondente. Isto permite avaliar se ele o respondente terá dúvidas em relação ao estudo.
Assim, um questionário muito complicado ou muito detalhado desencoraja o respondente e compromete a qualidade das respostas. Você arrisca ter em mãos um conjunto de dados que não necessariamente representa a realidade. Sempre tente ter essa visão, a de quem irá responder o questionário.
Aconselhamos que você teste seu próprio questionário alguns dias antes de finalizar para corrigir pontos mais frágeis e que lhe permita chegar ao final com um bom instrumento.
Não passar o limite de 7 categorias de resposta para as variáveis fechadas (únicas e múltiplas). Sendo 10 um numero no limite. Isso permitirá ao respondente escolher uma resposta que reflete com precisão a sua opinião, sem se confundir com um número grande de opções.
Ao invés de formulários complicados, elaborados e extensos, opte por questionários mais diretos, realistas e operacionais. Para cada questão recomendamos que você se faça a seguinte pergunta: “Como poderia fazer isto de maneira mais simples?”.
Fazer questões de maneira simples aumentam sua taxa de retorno.
O terceiro pilar que deve ser respeitado na formulação é a unidade. O objetivo é que cada questão meça apenas uma informação. Quando há uma formulação muito elaborada, muito extensa, pode haver muitas perguntas em um mesmo enunciado. O respondente pode, ou não, entender corretamente a pergunta, gerando um viés na resposta, dificultando a análise do resultado.
Para evitar essas questões com duplo questionamento evite utilizar conjunções coordenativas (exemplo: mas, além disto, bem como, e, ou,...). Na maioria dos casos, ter apenas um verbo por questão é suficiente.
Lembre-se: uma questão = uma variável a ser medida!
É primordial que a questão que você formule meça perfeitamente a variável que você deseja estudar. Isto é, sem dúvida, o aspecto mais difícil na redação do seu questionário. Quanto mais preciso e sério você for na definição do campo de investigação, melhor esta fase vai transcorrer.
Se você deseja analisar os comportamentos, é importante determinar o período de tempo que será levando em consideração, sempre buscando ser realista. Assim, evite advérbios muito genéricos como “habitualmente” ou “seguidamente”, que permitem interpretações diferentes por cada respondente. Ao invés disso, proponha ao respondente uma escala contendo períodos objetivos como “todos os dias”, “uma vez por semana”, “uma vez por mês”.
É verdade que o tom da questão pode induzir mais, ou menos, uma resposta. Contudo, é importante se manter neutro, imparcial, na definição das questões para evitar influenciar a resposta. Este fenômeno pode ficar ainda mais evidente na presença de um entrevistador que manifesta uma atitude particular ao realizar a pergunta ou ao colocar as opções de resposta.
Evite usar questões interrogativas com viés negativo como “Você não sabia que...” que acabam dificultando que o respondente responda negativamente.
Por outro lado, o efeito de uma resposta conveniente tem uma influência nas pesquisas com entrevistadores. Certos respondentes podem tender a responder de certa maneira considerada como mais socialmente aceita. Tente evitar essa armadilha – perguntas mais concisas promovem a sua neutralidade.
O último pilar essencial que deve ser observado é a variedade. Com objetivo de dinamizar sua pesquisa e conservar a atenção do respondente é essencial variar o tipo de questão. O questionário que segue com apenas um mesmo tipo de questão se torna monótono, levando a um desinteresse por parte do respondente, eventualmente perguntas sem respostas ou então com marcações muito semelhantes.
O questionário é um ato de comunicação, é preciso introduzir essa variabilidade sem esquecer que o preenchimento é um ato pessoal e passa pelas motivações e mesmo interesse sobre o tema pesquisado. Um exemplo dessa variabilidade é utilizar imagens, ilustrações, cores e outros recursos que podem torna-lo mais atraente.
Contudo, atenção nas escalas para não alternar o sentido sem antes prevenir o respondente – em algumas questões ela é crescente (muito insatisfeito > muito satisfeito) e depois decrescente (muito satisfeito > muito insatisfeito).
Para variar e dinamizar seu questionário pense em adicionar questões abertas! Elas permitem:
Isto permite dinamizar o questionário permitindo um ponto de vista complementar.
“Retrato chinês” (le portrait chinois)
Nas pesquisas com imagens ou de satisfação, o retrato chinês consiste em solicitar ao respondente associar a marca ou a empresa a um animal, um esporte, um filme ou uma cor. As questões são formuladas da seguinte maneira: “Se (nome do produto/empresa) você um animal, seria...”.
Muro de imagens
A técnica do muro de imagens consiste em propor ao respondente exprimir seu ponto de vista escolhendo uma ou diversas imagens em um painel com diferentes imagens. As imagens são pré-selecionadas pelo pesquisador para refletir toda as dimensões possíveis do assunto estudado. O respondente é questionado sobre os motivos da escolha e sobre as reflexões que as imagens escolhidas provocam. Além da análise das representações visuais selecionadas e do texto gerado, este muro permite reunir os diferentes formatos de resposta para facilitar a validação dos resultados.
Texto traduzido e adaptado de:
https://www.lesphinx-developpement.fr/blog/formulation-des-questions-dans-une-enquete-les-6-regles-a-respecter/