Lendo um artigo recente publicado pela BBC sobre como a geração Z e millenials estão lidando com o telefone refleti em como isso pode impactar as pesquisas (veja abaixo o artigo completo).
Em nosso dia-a-dia de uma empresa que ajuda outras a realizarem pesquisas, seja com a venda de tecnologia, seja com desenvolvimento completo de projetos, há sempre um ponto que preocupa, sobretudo quando a pesquisa foca em público externo: taxa de resposta.
Tivemos todo tipo de experiência, com taxas muito boas (95%) e outras com taxas horrorosas (1%) – sim, há muitos fatores que influenciam isso, estamos cientes. A forma como as pessoas são acessadas e o relacionamento anterior mantido com esse público influencia muito. Vejo pela maioria de nós aqui no escritório: não atende ligações de números estranhos, não lê/não responde e-mails de pessoas estranhas, não responde Whats de números estranhos… Isso ocorre por “n” motivos: medo de golpe, importunação, intromissão, necessidade de parar o que está fazendo para interagir …
E como isso afeta as pesquisas? Então, se estamos falando de pessoas entre 18 e 34 anos, pegamos uma boa parcela da população; como fica a representatividade em uma pesquisa feita exclusivamente por telefone? E por e-mail? E pelos aplicativos de mensagens? É uma boa reflexão e enseja métodos mais criativos (sem perder a validade) para permitir a melhor compreensão possível do fenômeno estudado.
E então vamos à pergunta original do título, como será o processo de coleta daqui alguns anos? Como captar a percepção do público acerca de algo? A pesquisa presencial é uma ótima ferramenta, mas possui um custo muito elevado – temos visto neste período de pesquisas eleitorais em que o custo por entrevista varia muito, sendo que, em média, uma entrevista presencial custando 5x mais que uma entrevista por telefone.
Mas calma, é sempre bom alinhar o objeto de estudo ao método de coleta, ou aos métodos de coleta. Uma abordagem multimeio na maioria dos casos traz um resultado muito bom a um custo menos elevado.
Temos clientes que iniciam uma coleta por e-mail (a um custo menor), direcionam um segundo convite a quem não interagiu por e-mail a uma notificação de WhatsApp/SMS e, não havendo resposta, direcionam o contato para uma abordagem telefônica ou até mesmo presencial. Isso permite não somente abranger um grupo maior (por sentirem-se mais confortáveis com algum meio específico), mas também trazer a percepção ao pesquisado que o pesquisador está se esforçando para buscar sua opinião (fato que aumenta a predisposição em dedicar um tempo seu respondendo a pesquisa).
Temos também outros clientes com estudos onde o contato face a face ou telefônico se faz essencial e que buscam sensibilizar previamente os entrevistados com uma mensagem preliminar (por e-mail/WhatsApp/SMS) introduzindo o convite à pesquisa e já solicitando um melhor horário para o contato. Dessa forma mostra-se empatia ao solicitar o horário mais adequado para o entrevistado, reduzindo a resistência ao introduzir o assunto preliminarmente e aumentando a taxa de resposta por conduzir a entrevista em um período de tempo em que o entrevistado pode dispor.
A abordagem mais adequada, portanto, vai depender do objeto de estudo, do relacionamento preliminar já estabelecido com o público que compõe a amostra e dos meios de acesso a esse público (dado, em especial, tempo e custo). Troque ideias, teste novas abordagens e continue pesquisando, pois muito do que se percebe não é manifestado ativamente.
Texto do artigo da BBC:
https://www.bbc.com/portuguese/articles/cwyw96x064eo